Por Eduardo Tambellini, consultor de negócios da FICO
Perfil transacional de compra e aumento da inadimplência serão considerados para a concessão de crédito a apostadores.
As apostas on-line, chamadas de bets têm sido alvo de inúmeros estudos e reflexões do mercado sobre o impacto no consumo e endividamento da população. De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) com a AGP Pesquisas, 63% das pessoas que fazem apostas on-line tiveram sua renda comprometida.
Para Eduardo Tambellini, consultor de negócios da FICO, líder global em soluções de análise preditiva e gerenciamento de decisões, o comprometimento da renda da população em “jogos de azar”/bets resulta, no futuro, em inadimplência e transforma o modelo de gerenciamento de risco e avaliação de crédito das instituições financeiras.
“As apostas já impactam cerca de 1,38% do orçamento familiar do brasileiro de menor renda, de acordo com a PwC. O brasileiro que ganha um salário mínimo em uma cidade como São Paulo, por exemplo, já tem comprometido uma parte importante de seu rendimento em despesas básicas de água, luz, moradia e alimentação. Se as apostas continuarem crescendo em ritmo acelerado como estão agora, podemos ter, em breve, um cenário de inadimplência alta nas despesas básicas”, explica.
Além disso, o comportamento transacional dos devedores também é levado em consideração na hora de conceder crédito e, o hábito de destinar dinheiro a jogos de aposta/ bets, pode ser um dificultador e um sinalizador de atenção para as instituições financeiras. O crédito poderá ficar mais caro para este perfil de cliente.
Caso essa previsão se concretize, outra tendência é que os processos de cobrança e de solicitação de crédito aumentem. Para lidar com esse crescimento, a tecnologia pode trabalhar a favor do mercado e, a partir da identificação desses perfis “apostadores”, os credores podem criar estratégias de comunicação que se antecipem à inadimplência e cobrança, gerando uma relação consultiva e positiva junto a esse cliente.
“Com o uso da inteligência artificial e do machine learning e a adesão cada vez maior do open finance, o mapeamento de transações e de perfis de clientes de alto risco está cada vez mais presente nas operações das instituições financeiras. A discussão sobre o destino do dinheiro para o comércio é apenas a ponta do iceberg. Ao olharmos para a questão e aprendermos com situações passadas, o endividamento deixará o crédito mais caro ou inviável para pessoas mais vulneráveis, um cenário desfavorável para a macroeconomia”, finaliza Tambellini.
A PwC estimou que em 2024, o mercado de apostas esportivas (bets) movimentará R$ 130 bilhões. Em 2023 o valor estimado de faturamento foi entre R$ 67,1 e 97,6 bilhões e o gasto dos brasileiros em apostas on-line foi de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões.
Sobre a FICO
FICO (NYSE: FICO) ajuda empresas e pessoas ao redor do mundo a tomar as melhores decisões a partir do desenvolvimento de soluções de inteligência artificial, machine learning e modelagens. Fundada em 1956, a companhia é pioneira no uso de analíticos preditivos e ciência de dados que contribuem para uma tomada de decisão mais efetiva. A FICO detém mais de 200 patentes globais em tecnologias que melhoram a rentabilidade das organizações, o relacionamento e satisfação dos clientes, além de colaborar com o crescimento de companhias atuantes nos segmentos de serviços financeiros, telecomunicações, seguros, saúde, varejo e outras indústrias. Empresas de cerca de 120 países utilizam as soluções da FICO, que protegem contra fraude mais de 2,6 bilhões de pagamentos feitos via cartão de crédito; contribuem para melhorar a inclusão financeira; e aprimoram a resiliência da cadeia de fornecimento. Em nível global, a FICO oferece o FICO® Score, utilizado por 90% dos principais credores dos EUA, sendo a medida padrão do risco de crédito do consumidor nos EUA e outros países, melhorando a gestão do risco, o acesso ao crédito e a transparência.