Visão Executiva

IA e IoT aceleram inovação e experiência do cliente no setor de energia e gás

IA e IoT aceleram inovação e experiência do cliente no setor de energia e gás
Julianna Rojas, Business Vice President da GFT Technologies no Brasil
Por Julianna Rojas é Business Vice President da GFT Technologies no Brasil

A Inteligência Artificial (IA), a Internet das Coisas (IoT) e o Machine Learning (ML) serão três das principais tecnologias capazes de transformar profundamente o setor de produção e distribuição de energia e gás nos próximos anos. De um lado, elas estão revolucionando tanto a eficiência operacional quanto a capacidade de resposta a demandas, manutenção preditiva e sustentabilidade no setor. De outro, oferecem uma jornada diferenciada aos clientes. 

Segundo um estudo, os investimentos no setor de energia na América Latina vão ultrapassar os US$ 100 milhões nos próximos dez anos, sobretudo por se tratar de um elemento crítico e estratégico nas cadeias de produção e na vida cotidiana das sociedades. No caso do Brasil, com seu vasto território e diversidade de fontes energéticas, o uso da IA, IoT e ML avança com implementações inovadoras que, com resultados concretos, inspiram a competitividade e uma concorrência favorável a melhores serviços. 

Iniciada nos anos 90, a abertura do mercado de gás no país vem ganhando musculatura nos últimos anos, sobretudo a partir da Lei nº 14.134/2021 (Nova Lei do Gás), a qual busca diminuir o monopólio histórico em favor de maior concorrência e diferentes players capazes de revender e transportar o produto para pessoas físicas e companhias. Neste sentido, tão importante quanto os preços é a experiência personalizada, eficiente e sustentável ofertada a cada cliente. 

A utilização de soluções de IA, IoT e ML acena com ganhos multifatoriais importantes. Do lado dos produtores e distribuidores de energia e gás, existe a oportunidade de, por meio de algoritmos, fazer uma previsão precisa de demanda com base em dados históricos, em tempo real, com redução de custos e evitando desperdícios. Nesta mesma linha, sensores de IoT auxiliam no monitoramento contínuo de equipamentos críticos, de maneira preditiva, evitando ainda interrupções de fornecimento. 

Já a IA, ao analisar grandes volumes de dados e informações, identifica gargalos e oportunidades de melhoria nos processos de produção, resultando em maior eficiência e redução de custos. E tudo isso dentro de redes inteligentes, onde o monitoramento do fluxo de energia é feito em tempo real, permitindo um gerenciamento mais eficiente e a detecção de problemas de maneira ágil. 

O setor produtivo investe nestas tecnologias por ganhos extras, como a detecção de fraudes e/ou sabotagens – algoritmos de ML são capazes de identificar padrões de consumo atípicos, que podem indicar fraudes ou perdas não técnicas –; a otimização de rotas para veículos, reduzindo custos com combustíveis e tempo de entregas; e a criação dos chamados “gêmeos digitais”, que envolve a combinação de IA e IoT para criação de modelos digitais de ativos e sistemas, facilitando a simulação de diferentes cenários e a tomada de decisões mais informadas. 

Do lado dos clientes finais, a IA permite analisar os dados dos clientes para oferecer soluções de energia personalizadas, como tarifas dinâmicas e programas de eficiência energética. Isto significaria, por exemplo, a oferta de preços ajustados a cada consumidor, com a possibilidade de economia em horários de menor demanda. E tudo isso sendo monitorado por meio de aplicativos ou dispositivos inteligentes, com o cliente acompanhando o seu consumo em tempo real. 

Nesta mesma linha, essas tecnologias apontam para outras soluções preditivas, como a previsão do consumo futuro de energia e gás, ajudando assim no planejamento de gastos tanto no ambiente pessoal quanto corporativo. O uso de processos automatizados, como a leitura de medidores e o atendimento ao cliente, torna também a experiência do consumidor mais rápida e conveniente. É bem verdade que os chatbots já estão entre nós há um bom tempo, mas eles vão evoluir e muito com o desenvolvimento da IA, principalmente. 

Para o mundo corporativo, adicione-se as oportunidades de redução de custos com energia, através da melhoria de processos e da adoção de medidas de eficiência energética, do aumento da produtividade com tarefas automatizadas e processos otimizados, que liberam os colaboradores para atividades de maior valor agregado, da detecção preventiva de potenciais problemas e falhas no fornecimento, e práticas mais sustentáveis que agregam valor à marca. 

Vale mencionar, em uma análise macro, que toda essa caminhada integra o chamado Open Energy, que trata do compartilhamento de dados do mercado de energia, nos mesmos moldes dos mais avançados Open Finance e Open Investment (bancos e mercado financeiro, respectivamente). A expectativa é de que essa troca de dados, com anuência dos clientes, gere oportunidades de produtos e serviços personalizados. 

A evolução e desenvolvimento deste mercado, é claro, não nos torna imunes a alguns desafios importantes, como as questões relativas à infraestrutura, custos, qualidade dos dados, cibersegurança, capacitação, regulação e cultura organizacional. Como alguém atuante e experiente no setor, posso assegurar que cada uma dessas áreas está sendo atacadas, pois é do interesse tanto do poder público quanto privado que o Brasil avance no setor energético. 

Em um futuro não tão distante, também prevejo que IA, IoT e ML vão nos ajudar a moldar algumas tendências, com sistemas e robôs capazes de tomar decisões autônomas, soluções de edge computing menos dependentes de conexões de rede, realidades aumentadas em prol de sistemas, ou ainda a integração maior de diferentes players do mercado de energia por intermédio de blockchain. Neste sentido, consultorias especialistas em transformação digital podem indicar o melhor caminho a seguir para cada empresa e seu negócio. 

A aplicação dessas tecnologias no setor de produção, distribuição e consumo de energia e gás não só aumentará a eficiência e a confiabilidade, mas também será um componente-chave na transição energética para fontes mais limpas e sustentáveis. Empresas que adotarem essas inovações terão uma vantagem competitiva estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado.

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