Dados integram o estudo Inovação Tecnológica e Competitividade nas Empresas Brasileiras e apontam, entre outros aspectos, que a competitividade futura da economia brasileira depende da adoção de novas tecnologias e da implementação estratégica e sustentada dessas inovações
A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) apresentou, durante webinar aberto ao público, o estudo Inovação Tecnológica e Competitividade nas Empresas Brasileiras. A pesquisa foi realizada utilizando a metodologia CATI, com entrevistas com 100 executivos de empresas com, pelo menos, 100 funcionários. O perfil pesquisado foi de executivos com influência ou poder de decisão na contratação e gestão da força de trabalho do departamento de TI. O objetivo foi analisar o cenário atual de adoção de tecnologia e se concentrou nos aspectos essenciais que estão moldando o futuro dos mais diversos segmentos econômicos no Brasil.
De acordo com dados da International Data Corporation (IDC) analisados pela ABES, a competitividade das empresas brasileiras depende não só da adoção de novas tecnologias, como também de uma implementação estratégica e sustentada dessas inovações. “A evolução tecnológica que veremos nos próximos dois a três anos será muito maior do que a que experimentamos na última década. Os negócios sofrerão uma transformação importante e quem não conseguir acompanhar esta evolução tecnológica correrá o risco de ser engolido pelo Mercado”, declarou Jorge Sukarie, conselheiro da ABES.
Segundo o estudo da ABES, o setor está vivenciando uma transformação significativa impulsionada pela adoção de novas tecnologias, com foco especial em cibersegurança, inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e computação em nuvem. A Cibersegurança, de acordo com a pesquisa ABES, é uma prioridade crescente para a maioria dos líderes, já que as empresas ouvidas reconhecem cada vez mais a cibersegurança como essencial para a proteção e crescimento de seus negócios. A análise também mostrou que ainda há uma lacuna entre a conscientização e a implementação efetiva de estratégias de segurança, e que muitas organizações ainda subestimam os riscos cibernéticos, o que pode deixá-las vulneráveis às ameaças digitais. A falta de talentos qualificados em cibersegurança continua sendo um desafio significativo, impactando a capacidade das empresas de proteger seus ativos digitais.
A adoção de soluções de inteligência artificial, incluindo a inteligência artificial generativa (GenAI), está em ascensão, com expectativas de um crescimento composto de 67% até 2027 – ou seja, a tecnologia se consolida como o futuro das empresas. A modernização das estratégias de dados e a aceleração das capacidades de infraestrutura especializadas para IA são encaradas como aceleradoras desse crescimento, enquanto questões de segurança e privacidade de dados representam os principais desafios para os entrevistados.
Quanto aos investimentos em TI e em Transformação Digital, os representantes das empresas entrevistados afirmaram que estão alocando recursos substanciais para tecnologias emergentes, com um aumento significativo nos orçamentos destinados à TI e cibersegurança. Entretanto, a falta de investimento em algumas organizações levanta preocupações sobre sua capacidade de enfrentar os desafios tecnológicos futuros.
Confira as principais conclusões do estudo da ABES:
Cibersegurança
1. Embora a resiliência cibernética seja reconhecida como benéfica, ainda há uma lacuna significativa entre a conscientização e a implementação efetiva de estratégias de segurança. As organizações podem estar subestimando os riscos cibernéticos e a importância de investir proativamente em medidas de proteção, o que pode deixá-las vulneráveis a ameaças digitais.
2. As prioridades em cibersegurança são: encontrar fornecedores certos, evitar vazamentos de dados e manter a segurança.
3. A abordagem da cibersegurança varia entre as organizações, mostrando que uma parcela significativa acredita que investir nela não só protege, mas também impulsiona os negócios, enquanto outros a veem como uma parte essencial do orçamento de TI.
4. As vulnerabilidades de softwares e a identificação de ameaças lideram a pesquisa, bem como a escassez de talentos (42%), que ainda se mostra presente e forte nos desafios de cibersegurança.
5. 66% dos entrevistados estão em níveis mais avançados de investimentos em cibersegurança, alocando recursos substanciais para proteger ativamente seus ativos digitais contra ameaças cibernéticas. Enquanto isso, os outros 32% estão investindo apenas o mínimo.
6. Com a maioria das empresas (56%) planejando manter ou aumentar seus orçamentos de cibersegurança em 2024, há um reconhecimento crescente da importância da proteção contra ameaças digitais. No entanto, ainda que uma pequena parcela esteja diminuindo seus investimentos (6%), especialmente considerando os orçamentos já baixos para segurança de TI.
IA (Inteligência Artificial)
1. 57% das empresas já utilizam algum tipo de inteligência artificial. Destas, 40% usam IA Interpretativa (capaz de analisar e compreender dados para fornecer insights), 35% usam IA Generativa (que cria conteúdo novo e original) e 26% usam IA Preditiva (que usa dados históricos para fazer previsões sobre eventos futuros).
2. É esperado que o crescimento composto (CAGR) dos gastos com IA Generativa seja de 67% até o ano 2027. Como aceleradores estão o crescimento dos dados e modernização das estratégias de dados e a adoção e aceleração de capacidades de infraestrutura especializadas para AI. Como inibidores, a segurança, a privacidade e a soberania de dados, bem como os gargalos ao habilitar recursos ou preparar talentos para AI.
3. Em 2024, a geração de dados em todo o mundo ultrapassará 157ZB, com potencial para dobrar até 2027. Quase 25% desses dados estão na nuvem, que cresce 2x mais rápido que outros ambientes.
4. Mais da metade das empresas no Brasil (55%) creem que o uso efetivo dos dados é essencial para habilitar tópicos estratégicos como criar produtos e serviços, ampliar a personalização de serviços e habilitar novas fontes de receita.
5. 41% das organizações entrevistadas pela IDC no Brasil destacam que Analytics, AI e GenAI são fundamentais para atingir os objetivos de negócio.
6. A maioria das organizações brasileiras, representando 71% dos entrevistados, já alcançou um estágio avançado na adoção de Inteligência Artificial (IA). Essas empresas não só implementaram projetos de IA, mas também os têm em pleno funcionamento, gerando resultados positivos. Isso indica um compromisso significativo com a inovação tecnológica e uma tendência de sucesso na integração de soluções de IA nas operações do dia a dia.
7. A IA Generativa será um fator revolucionário para a inovação, trazendo transformações significativas na maneira como as empresas desenvolvem novos produtos e serviços. E há uma expectativa de que o Brasil não apenas acompanhará as tendências globais em IA, mas também assumirá um papel de liderança na inovação de IA na América Latina – apesar de ainda existir uma grande incerteza ou falta de conhecimento sobre o potencial da IA no país.
8. 43% dos entrevistados pretendem aumentar os investimentos em IA, o que indica uma forte confiança no valor da tecnologia e um compromisso com a inovação. Isso sugere que a IA é vista como um investimento estratégico essencial para manter a competitividade e impulsionar o crescimento.
IoT (Internet das Coisas)
1. Até 2025, o número total de dispositivos IoT conectados em todo o mundo aumentará para mais de 39 bilhões. E gerará 74,4 bilhões de exabyte (EB).
2. Uma parcela significativa das organizações (42%) ainda está hesitante ou não vê a necessidade imediata de integrar essa tecnologia em seus processos, o que pode estar relacionado a fatores, como custo de implementação, complexidade técnica, segurança e privacidade, falta de casos de uso claros e maturidade da tecnologia.
3. Entre os benefícios da IoT percebidos pelas empresas brasileiras estão desenvolvimento de oportunidades significativas de inovação de produtos e serviços (64%); melhorias substanciais na eficiência operacional (59%); aumento expressivo da satisfação do cliente por meio de soluções personalizadas (59%); e coleta de dados em tempo real para embasar decisões estratégicas (49%).
4. A IoT ainda recebe investimentos moderados (em 58% dos casos), ou seja, as organizações alocam recursos financeiros de forma equilibrada para hardware em tecnologias emergentes.
5. Quanto ao orçamento para IoT em 2024, os dados mostram estabilidade, mas com potencial de crescimento: se manterá em 60% dos casos e aumentará para 36% dos entrevistados.
Cloud
1. O Resultado sugere que as organizações estão satisfeitas com o desempenho atual e não preveem mudanças significativas na demanda ou na utilização desses ambientes. Considerando a Taxa de crescimento anual composta (CAGR) entre os anos de 2023 e 2028:
• IaaS (Infraestrutura como Serviço) em constante crescimento, continua expandindo de forma impressionante em ambientes híbridos e Multicloud, com uma taxa de CAGR de 20%.
• PaaS (Plataforma como Serviço) impulsionado pela força da análise de dados e gerenciamento, mantém um ritmo acelerado, adicionando ainda mais poder ao tema da inteligência artificial e automação, com CAGR de 30%.
• SaaS (Software como Serviço) será o caminho prioritário para a modernização de aplicações de negócio, atraindo uma atenção crescente e com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 19%.
2. Sobre a adoção de serviços de Nuvem e SaaS, o estudo atestou uma estabilidade com tendência de crescimento. Apenas 9% das organizações diminuíram seu uso, possivelmente devido a desafios específicos ou mudanças estratégicas.
3. Os fatores que determinam as prioridades na migração para a Nuvem são eficiência, integração e custo. Os dados indicam que a facilidade de migração é o fator mais valorizado, com 64% dos respondentes priorizando uma transição suave que minimize interrupções e complexidade. Isso reflete uma necessidade clara do mercado por soluções que simplifiquem o processo de migração.
4. A migração para a nuvem pública apresenta desafios distintos que exigem atenção estratégica. Entre os principais desafios estão lidar com problemas de conectividade em nuvem (interrupções ou latência) – 39%; adaptação das práticas de segurança para atender a nuvem – 35%; e falta de treinamento técnico em nuvem na equipe de TI – 33%.
5. Quanto aos custos da Nuvem Pública, 37% dos entrevistados afirmaram ter repatriado dados devido às altas despesas, mas a maioria das organizações permanece confiante.
6. A minoria (11%) que planeja reduzir o orçamento pode estar otimizando seus gastos ou migrando para soluções com melhor custo-benefício. O cenário para 2024 é de continuidade com um otimismo cauteloso para o aumento do investimento em Cloud.
A íntegra do estudo da ABES Inovação Tecnológica e Competitividade nas Empresas Brasileiras está disponível para download.
Sobre a ABES
A ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) tem como propósito contribuir para a construção de um Brasil mais digital e menos desigual, no qual a tecnologia da informação desempenha um papel fundamental para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades para todos. Nesse sentido, tem como objetivo assegurar um ambiente de negócios propício à inovação, ético, dinâmico, sustentável e competitivo globalmente, sempre alinhado a sua missão de conectar, orientar, proteger e desenvolver o mercado brasileiro da tecnologia da informação.